O CORPO TEM PROTAGONISMO
- Denise Rochael
- 4 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Trauma
Historicamente, a ocultação que deveria ser evitada
Nós recebemos uma forte carga de ensinamentos que sugerem que mais importante que sentir é pensar. A racionalização é tida como algo mais elevado que o senso corporal, que a recepção das nossas emoções, das sensações e de avisos instintivos vividos pelo corpo. Não pretendo aqui propor uma disputa da ordem de importância destes dois lados, que coexistem na realidade, mas te convido a olhar para a relevância do que o corpo mostra.

Sentimos desde que nascemos, mas recebemos pouca capacitação em lidar com o sentir. E muitas vezes negamos, fugirmos e nos desconectamos. A desconexão também é chamada de dissociação. Depois que ouvimos tantas vezes o “engole o choro”, “seja forte”, “deixa essa besteira e venha se divertir”, “meninos não choram”, “você está de parabéns porque nem o burnout te derrubou”, começamos a ficar experts em dissociar com o que sentimos.
Além de aprendizados como este, ainda temos o mecanismo de proteção que ocorre mais naturalmente, que é a dissociação da dor de um trauma. Ocorre de a memória traumática ser mandada pro inconsciente, de distorcermos o que aconteceu, de minimizarmos o ocorrido, de viver como se não fôssemos nós mesmos ou se não estivéssemos no nosso corpo... tudo para evitar um colapso emocional e atravessar a vida.
A contribuição da terapia
Na terapia somos convidados a reincluir o corpo, que sabe nos dar avisos, mas foi recorrentemente silenciado ou ignorado. É possível recuperar o senso corporal, fazer contato com o que se passa internamente. É importante identificar, entender, olhar, acolher, nomear o que se sente. Assim a gente processa, a gente integra e libera em busca da resolução, do alívio e de uma abertura de espaço para outras vivências. O que fica estagnado é adoecedor. Emoção não processada fica indigesta, nos deixa fixados, nos deixa com a ferida aberta.
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